Bem vindo a Vila Dark
Na escuridão dos olhos fechado
reluzia no fundo um ponto de luz como a lente de um reprojetor de cinema. Levou
uns cincos segundos para a luz desaparecer junto com a escuridão que queimava
como um rolo de filme revelando um cenário preto e branco de duas majestosas
moças sentadas em um sofá digno de madames da mais alta corte. Uma delas
levantou e avançou para a janela a sua frente indagando a outra após um período
de contemplação da paisagem que observava “como está lindo o dia hoje”.
– Não posso garantir que há algo
para observar – responde a outra sentada no sofá enquanto levantava e avançava
para a janela.
E assim ficamos, as duas olhando
pela janela enquanto eu ficava de plateia. O ser do outro lado da realidade me
dissera que a ponte não tinha forças o suficiente para efetuar uma interação
com esta realidade que estou, portanto só fico de plateia.
Não consegui aguentar minha
inquietação de querer ver o que elas estavam observando na janela, ou se não
estavam, pois não demonstravam nenhum sinal de vida, estavam paradas como
estatuas.
A primeira coisa que notei foram
seus olhos pretos como o céu a noite. Pretos como a paisagem de escuridão na
janela. Então reluziu no fundo um ponto de luz como a lente de um reprojetor de
cinema. Levou uns cincos segundos para a luz desaparecer junto com a escuridão
que queimava como um rolo de filme revelando um cenário preto e branco de duas
majestosas moças sentadas em um sofá digno de madames da mais alta corte. Uma
delas levantou e avançou para a janela a sua frente indagando a outra após um
período de contemplação da paisagem que observava “como está lindo o dia hoje”.
– Não posso garantir que há algo
para observar – responde a outra sentada no sofá enquanto levantava e avançava
para a janela.
O que está acontecendo? Estou
parado de novo, no mesmo momento de antes. O que está acontecendo? Resolvi
retroceder em vez de avançar. Em vez de avançar até as moças na janela, dei
meia volta e avancei para o lado escuro da sala. Tateando as paredes, encontrei
uma porta que dava em um corredor comprido, iluminado a luz de vela e cheio de
portas por ambos os lados, esquerdo e direito. Ao abrir uma porta, fui parar em
outro corredor igual ao que eu estava antes. Ao abrir uma porta do outro
corredor, fui parar em outro corredor igual ao que eu estava antes. Ao abrir
uma porta do outro corredor, fui parar em outro corredor igual ao que eu estava
antes. Ao abrir uma porta do outro corredor, fui parar em outro corredor igual
ao que eu estava antes. Ao abrir uma porta do outro corredor, fui parar...
Aonde? Onde estou? O que está acontecendo? Estou parado de novo, no mesmo
momento de antes. O que está acontecendo? Resolvi retroceder em vez de avançar.
Em vez de avançar até as moças na janela, dei meia volta e avancei para o lado
escuro da sala. Mas então o que aconteceu até aí? O que está acontecendo agora?
Porque eu estou tudo está tão confuso?
A verdade é que eu não saí
daquela sala que em sua essência predominava o silencio agonizante. As moças
ainda estavam de frente para janela, paradas como estatuas. Eu não parava de
observa-las. Até que falei para mim mesmo “vou até lá”
Na janela, em meio a neblina, apareceu uma placa
dizendo “Bem vindo a Vila Dark”
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Escreva pelo seu prazer. Para que criticar com atos grosseiros se o minimo de bondade e delicadeza nas palavras te levam ao mesmo local. Se você tem criticas não impeço de faze-las, mas pense em quem vai lelas e pense o que está sendo posto de seu caráter. Por favor tome cuidado com que você retrata nas mídias, as vezes as mídias nos distingui de maneira errada. Porem é a forma como você demostra diante desta engenhosiade humana que liga tantos humanos. Repito, humanos. Que tem sentimentos.