Sonho imaginário

Em plena refeição da noite. Mais parecia uma ceia do que um jantar familiar. Estava eu, meus irmãos e minha irmã, minha mãe, meus primos, meu tio ao fundo da mesa e meu pai ao lado. O engraçado é que eles eram parentes que eu nunca tinha visto antes. Eram familiares que compartilhavam sentimentos, mas eu pouco sabia quem era quem. Fiquei até um pouco envergonhado de perguntar a minha mãe qual era o nome dela. Ela respondeu como se fosse à coisa mais normal do mundo de um filho perguntar a mãe. Era tudo muito estranho e muito suspeito, contudo era muito familiar para eu me questionar da situação.
Em plena refeição da noite. Mais parecia uma ceia do que um jantar familiar. E era uma ceia. Havia carne de todos os gostos, saladas enfeitadas como belas esculturas, esculturas de cisnes e pássaros ao redor da mesa. Era com certeza um jantar divino e tudo graças às mãos da mãe que incrivelmente mal tocavam na comida. Ela só fingia que comia com o prato vazio e limpo. Como tinha saído da lava lousa.
- Mãe, porque você não come?
-Filho, eu estou comendo. - erguendo o garfo até a boca e fingia que colocava algo em sua boca e mastigava, mastigava repetidamente me fazendo sentir até um desamparo com a realidade, acabei quase duvidando que o que ela comia era comida e não vento.
Mas segundos depois todos satisfeitos se foram. Fique só, olhando para aquele banquete real e ilustrativo de uma refeição que acabará em restos de carne, um pouco do risoto e saladas muchas. Eu era o único que estava na mesa pensando em nada. Por que eu estava ali com familiares que sequer eram meus que pareciam meus? Mas não eram. Por que minha mãe não comia? Era tudo muito estranho.
Em pleno termino de uma refeição da noite. Que não parecia mais uma ceia do que antes era. Observei todas às duas paredes que se ligavam em um só canto a minha frente que meus olhos eram guiados. No lado direito havia a entrada da sala onde todos se aconchegavam diante da TV falando, metralhando palavras uma nas outras. Algumas perdiam o fôlego, outras falavam mais do que a suas próprias falas, parecia que o sentido das palavras era mais plausível do que um mero olhar. Será que aquelas pessoas que estavam na ceia comigo sentiam plenamente a comida? Será que aquela comida não era apenas ilusão para elas? E para mim, era apenas ilusão tudo aquilo? Será que minha mãe estava certa? Ela comia e eu não?
Mas segundos depois, introduzida a todos na sala, minha mãe pediu licença e pôs a ir para um corredor escuro ao meu lado bem distante da vista de todos, porem indiferente da minha visão periférica das coisas.
Comecei a segui-la passando pelo corredor que logo observei ser mais claro do que eu esperava. No final do corredor havia luzes cintilantes, não amarelas como a da sala e a da cozinha, mas azuis e azuis foscos que transitavam uma ligação entre a natureza interna do corredor escondido e da sala festiva de forra do corredor. No meio da natureza que radiava tons naturais de verde e tons azulados - que logo percebi serem de vaga-lumes - havia uma casa as escondidas em cima de um morro. De dentro da casa radiava uma luz amarelada que cortava todos os tons esverdeados/azulados como o Sol corta a escuridão da noite para um dia novo.
E lá estava ela, entrando na casa.
E lá estava ela, fechando a porta sem notar minha presença.
E lá não estava ela.
Segui até a casa e abri a porta. Surpreendentemente não tinha nada na casa. Era uma casa grande com duas escadas centrais gigantescas e nada mais. Tudo era vazio e mesmo assim ali estava a mãe arrumando a cassa e limpando os apetrechos que sequer existam.
- Mãe, porque você está limpando o nada?
- Como o nada, filho, esta vendo que está tudo sujo?
- Não, mãe, não estou.
- Pois veja.
Achei tudo um absurdo. Tentei olhar em volta se tinha mais alguma coisa estranha ou alguém me filmando.
Olhei para a direita, nada.
Olhei para a esquerda, nada.
Olhei para direita, um espelho.
Um espelho? E da onde veio aquilo?
Olhei de novo para a esquerda, uma mesa e um sofá que minha mãe limpava sem falar do tapete que ela pisava e do sofá atrás dela.
- Viu só quanta faxina.
- Mas como?
Olhei para a direita, nada.
-Mas o espelho estava lá.
Olhei para a esquerda, nada.
Minha mãe já estava em outro cômodo, pegando suas "coisas" para ir embora.
- Te espero lá fora.
Então foi que eu saí
Em plena segunda refeição da noite. Mais parecia uma re-ceia do que um jantar familiar. Estávamos todos de novo, nos mesmos lugares, mas sem comida. Eu olhava direta e esquerda e via comida e consequentemente a próxima olhadela não tinha comida, e assim fui me situando naquele imaginário real que mal eu sabia o que era o que.

Quando acordei e vi que já tinha jantado, que minha mãe já arumará a casa, que eu já estava sonhado agora estava acordado me questionei, será verdade o dia de ontem ou não passava de menu imaginário?

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