Merda
Eu e meu amigo Antonio passamos as férias em um hotel perto
da praia. O local era bem afastado do mundo urbano, cheio de arvores e animais.
A estrutura era simples, não queríamos um hotel cinco estrelas onde você menos
que os 99 depois dos 220 que você tinha que pagar pelo prato. Duas camas, um
guarda roupa, uma televisão de tubo de 20 polegadas, um frigobar, e o melhor,a comida
é o que não faltava. Sim, é bem simples.
As paredes eram em tonalidades escuras de azul com alguns
tons de salmão das partes descascadas. Havia fendas na parede e o piso de
madeira estava todo quebrado. Nada disso nos importava, queríamos só um local
para ficar.
Curtimos a praia dês do Sol nascente até o poente. Voltando
decido que irei dar uma volta pelo hotel. Talvez arranjar uma mina por uma
noite. Antonio foi tomar banho e arrumar-se para uma balada cuja tomamos nota
que era a melhor da redondeza que já não tinha muita coisa.
Antonio usou o sanitário á 30s antes de entrar literalmente
no chuveiro. A merda deveria estar entre o sanitário e o começo do novo mundo.
Seu cheiro ruim atraia muitas companhias que Antonio não gostaria de receber.
Eu estava passeando.
A água batia em seus ombros, escoria em seu quadril,
deslizando pela perna. Com os olhos fechados ele sentia o som das gotículas
estalando no chão. Abrindo calmamente seus olhos, ele avista de fundo no canto
distante do box um ser pequeno e nojento. Uma barata banhada por partículas da
sua merda.
Eu estava passeando.
Antonio espantou o verme com o chuveirinho até o ralo atrás
dele. Da fenda de onde tinha saído a barata já vinha outra em quanto ele
virava.
E mais outra.
E outra.
E mais outra.
E outra.
Eu estava passeando.
Antonio virou com centenas de vermes cobrindo as paredes.
Baratas, ratos, centopeias, lesmas, larvas,... Um surto dominou seu corpo, seus
nervos ferveram, seu coração batia 20 vezes a mais, o medo tornou instintivo e
rebelou-se dentro do seu corpo em uma tentativa frajuda e descontrolada de
tentar abrir a porta. Escorregado no mijo misturado com o seu sangue espalhado
lá estava Antonio, impossibilitado de quais quer ações pelo impacto do coxi na
quina do sanitário, vermes e vermes sobiam e entravam em suas feridas roendo a
pele e a carne com sustância de sua sobrevivência.
Resolvi voltar.
A porta abre em seus pés arrastando vermes por todos os
lados. Em rangido ela abre levemente. Cinco unhas são colocadas a vista, logo
uma mão grande e carcomida, como a pata de uma ratazana, é revelada aranhando
aos poucos a maçaneta dourada de oxidação e esverdeada do limo do banheiro. A
mão abre mais a porta.
Cheguei no quarto.
Um ser horrivelmente macabro direcionava rosto a rosto com
Antonio. Chegava quase a 2 m com uma aparência perturbadora. Uma ratazana
gigantesca onde larvas entravam e saiam de seu corpo, principalmente nas suas
feridas carnentas e as mais expostas. Em seus olhos gigantes de mosca vermes
viajavam sem parar de um canto para o outro. Ás vezes algumas inflamações
joravam como espinhas, só que em vez de pus saia vermes. Antonio vomitou de
tanto aturar aquela feiura que, ainda que não bastasse do pior, tentáculos
saião de sua boca para salientar seu beso com o resto de comida espalhada na
roupa de Antonio.
Saquei meu canivete de herança da minha família por tantos
anos ao me deparar com aquele monstro perturbador. Meu canivete que trazia
sorte em todos os momentos que a vida me dava um xeque.
Degustando a cabeça de Antonio, levas e levas de saliva ia
ombro a baixo. Quanto mais vomito Antonio provocava, mais saliente o ser
ficava.
– Assim como nós. Almas que você dá um mero prazer – Disse o
ser – Você também é uma merda.
Apunhalei o ser pelas costas.
Antonio foi para um novo mundo.
Eu voltei para casa,
mesmo ainda conturbado com a cena não posso deixar de esquecer que
foi só mais uma noite.
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Escreva pelo seu prazer. Para que criticar com atos grosseiros se o minimo de bondade e delicadeza nas palavras te levam ao mesmo local. Se você tem criticas não impeço de faze-las, mas pense em quem vai lelas e pense o que está sendo posto de seu caráter. Por favor tome cuidado com que você retrata nas mídias, as vezes as mídias nos distingui de maneira errada. Porem é a forma como você demostra diante desta engenhosiade humana que liga tantos humanos. Repito, humanos. Que tem sentimentos.