parte 1 - Vila dark

Vila dark



Quando abri os olhos.
Não era mais o mundo que eu lembrava

Já me disseram varias vezes para parar
De fechar os olhos

Mas não
Eu era persistente
Ignorava todos os avisos
E agora
Ele está conosco

Quando eu fechei os olhos


A lareira permanecia acessa. As velas queimavam. As páginas folheadas uma por uma. O tempo passava devagar. A lentidão deixava-me cada vez mais ansioso.
– Ele já devia estar aqui – resmunguei a mim mesmo.
Um som de passos na grama molhada marcava que, seja ele ou qualquer outra pessoa, alguém chegou ao aposento. Três batidas na porta. Avancei e o recebi.
– Achei que não viesse mais. Por favor, sente, depois de confrontar está tempestade entendo o cansaço. Vou preparar um chá.
– Muito obrigado, fico lisonjeado, mas vamos tratar logo do assunto. Por favor, sente-se.
Desentendido com a resposta que acabei de receber. Fiz o que foi imposto, ou o que eu impus para ele há segundos atrás.
– O senhor sabe perfeitamente que é de sua posse escolher ver ou não ver a situação. Posso muito bem parar por aqui caso não queira mais “olhar com os meus olhos”, ou caso queira mais tempo para refletir sua decisão. – ficando cara a cara, segurou minha cabeça, aproximou alguns centímetros e disse com a voz séria e baixa – Escute, a situação que o senhor vai encarar é das mais extraordinárias e malucas que você já viu. Às vezes pode até te assustar. Mas não se engane. Do jeito como este mundo necessita de vida ele só vai buscar uma, a sua.
– Sei da situação e todas suas advertências – falei tomando distancia – e pretendo continuar.
– Assim que sejas, assim que serás.



Viajem sem volta


As malas estavam prontas. Já íamos partir. Eram 2h com o voo marcado para as 4h. O transito não estava tão tenso naquele dia. Chegamos a tempo de fazer todos nossos planos.
O primeiro momento no avião não foi nada surpreendente. Com exceção da Monica, minha filha mais nova de 5 anos, que estava voando pela primeira vez.
Era sua primeira viajem com o pai. Estamos indo tirar nossas férias em um resort no Caribe. Quase nunca fico com minha filha. Quando recebi a oportunidade de poder passar as férias com ela eu abracei a ideia sem pensar duas vezes. A mãe não pode vir devido a complicações por onde eu morro. Nada a se preocupar agora. O importante é as férias da minha querida Monica.
Alguns minutos depois da decolagem houve uma leve turbulência. Após um susto, Monica perguntou por que avião estava chacoalhando. Respondi que acontece às vezes, que é normal e não há o que se preocupar, logo vai passar e tudo vai ficar bem.
E passou.
Por instantes reinava a calma. Ninguém imaginava que tal paz estava prestes a acabar.
– Pai.
– O que foi filha?
– Por que tem pássaros no avião.
– Como assim filha? Não tem pássaro nenhum voando nesta altitude. Estamos muito longe do chão.
– Tem sim, pai, olha lá fora.
Quando eu olhei fique chocado. Havia pássaros pretos voando junto ao avião e pousando na sua assa.
No mesmo instante, o rádio da aeromoça começou a chiar palavras estranhas e sons bizarros. Logo após ouvimos um aviso “senhores passageiros, por favor, afivelem os cintos, já estamos em processo de aterrizagem”.
Não entendi o que estava acontecendo, só sabia que aquilo não era típico de um voo normal. Chequei o horário e ainda faltava meia hora para chegarmos ao aeroporto. Pedi para Monica que ficasse sentada. Levantei para saber o que estava acontecendo. Perguntei a aeromoça que retrucou-me com um pedido para eu me sentar que já íamos aterrissar, então começamos a discutir. Neste momento o avião chacoalhou tão forte que até quem estava em seu sono mais profundo acordou. Tudo começou a voar na minha frente de uma forma tão lenta que cheguei a duvidar se o que estivesse acontecendo o relógio estava marcando.
Todos os meus pensamentos sumiram. Por instinto me joguei para agarrar Monica. Nada naquele momento valera mais do que a vida dela. Tomei um poder tão intenso de tenta-la manter até os últimos segundos, até o fim daquela tragédia, nossas vidas.
Foi quando o ultimo golpe foi dado.

No meio do caos, em um segundo aleatório, um impacto determinou o fim da tragédia. Todos morreram. Todos menos eu.

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Escreva pelo seu prazer. Para que criticar com atos grosseiros se o minimo de bondade e delicadeza nas palavras te levam ao mesmo local. Se você tem criticas não impeço de faze-las, mas pense em quem vai lelas e pense o que está sendo posto de seu caráter. Por favor tome cuidado com que você retrata nas mídias, as vezes as mídias nos distingui de maneira errada. Porem é a forma como você demostra diante desta engenhosiade humana que liga tantos humanos. Repito, humanos. Que tem sentimentos.